O Vício da Bebida
A.E.Mensageiros
17 mar 2021
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12 min
A história da humanidade está rodeada pelo consumo de álcool. Existem registros arqueológicos que revelam que os primeiros indícios sobre o consumo de álcool pelo ser humano datam de aproximadamente 8000 a.C. Os celtas, gregos, romanos, egípcios e babilônios registraram de alguma forma o consumo e a produção de bebidas alcoólicas, sendo, portanto, um costume extremamente antigo e que vem persistindo por milhares de anos.
A terra e a temperatura na Grécia e em Roma eram especialmente férteis para o cultivo da uva e produção do vinho. Os gregos e romanos também conheceram a fermentação do mel e da cevada, mas o vinho era a bebida mais difundida nos dois impérios, tendo importância social, religiosa e medicamentosa. Os egípcios possuem registros nos papiros das etapas de fabricação, produção e comercialização da cerveja e do vinho. Eles também acreditavam que as bebidas fermentadas eliminavam os germes e parasitas e deveriam ser usadas como medicamentos, especialmente na luta contra os parasitas provenientes das águas do Nilo.
Inicialmente, as bebidas tinham conteúdo alcoólico relativamente baixo, como, por exemplo, o vinho e a cerveja, já que dependiam exclusivamente do processo de fermentação. Com o advento do processo de destilação, introduzido na Europa pelos árabes na Idade Média, surgiram novos tipos de bebidas alcoólicas. Nesta época, este tipo de bebida passou a ser considerada como um remédio para todas as doenças, pois "dissipavam as preocupações mais rapidamente que o vinho e a cerveja, além de produzirem um alívio mais eficiente da dor", surgindo então a palavra whisky (do gálio "usquebaugh", que significa "água da vida").
A partir da Revolução Industrial, registrou-se um grande aumento na oferta deste tipo de bebida, contribuindo para um maior consumo e, consequentemente, gerando um aumento no número de pessoas que passaram a apresentar algum tipo de problema devido ao uso excessivo de álcool.
Hoje sabemos que o alcoolismo é uma doença física, psicológica e espiritual que não escolhe o sexo, a posição social, a raça ou mesmo a idade, geradora de uma forte compulsão, criando dependência física e psicológica, muitas vezes pode ser trazida de uma forte tendência e condicionamentos de vidas passadas, como pode se desenvolver nesta atual existência, começando em casa com o exemplo dos pais. O alcoolismo é uma doença progressiva, possuidora de etapas ou graus de intoxicação aguda ou crônica provocada pelo excesso do consumo de bebidas alcoólicas.
Geralmente este vício cria rotinas que envolvem cúmplices encarnados e desencarnados que compartilham do mesmo hábito e manias, desenvolvendo a toxicomania. É uma doença incurável e fatal, se o alcoólatra não parar de beber, levando suas vítimas a doenças físicas, loucura, morte prematura e até mesmo a obsessão espiritual.
Os dependentes do álcool podem se envolver em situações psicossociais desagradáveis, como: desestruturação familiar, desestruturação psíquica, desemprego, solidão, crime e marginalidade. Considerada um dos piores vícios, mata milhares de pessoas no trânsito, nos lares, causando violência e confusões extremas, pois o uso da bebida é legalizado na maioria dos países. O alcoolismo é considerado, na atualidade, um dos principais problemas de saúde pública em todo o mundo. O álcool é uma droga socialmente permitida.
O alcoolismo pode ser hereditário, existindo uma predisposição orgânica do indivíduo para o seu desenvolvimento, no qual o Espírito imortal traz em seu DNA perispiritual as marcas e sequelas do vício em outras existências, sendo, então, o alcoolismo transmissível de pais para os filhos. O desenvolvimento do alcoolismo envolve três características: a base genética, o meio e o indivíduo. Filhos de pais alcoólatras podem ser geneticamente diferentes, porém, só desenvolverão a doença se estiverem em um meio propício e/ou características psicológicas favoráveis.
Indivíduos, quando não bem estabilizados emocionalmente, possuem uma forte tendência de buscar artifícios e fugas quando perturbações externas como crises financeiras, o desemprego, os problemas emocionais, entre outros fatores acabam levando estes seres ao ato de beber, refugiando na embriaguês momentânea do álcool, fugindo temporariamente dos seus problemas. Vemos no Evangelho o entorpecer dos sentidos e mesmo as fugas que o álcool acarreta: "Dai bebida forte ao que está prestes a perecer, e o vinho aos amargurados de espírito. Que beba e se esqueça da sua pobreza, e da sua miséria não se lembre mais" (Provérbios 31:6.7).
Os efeitos do álcool no sistema nervoso são tremores e a polineurite (sensibilidade à pressão dos troncos nervosos, dores nas extremidades e hipoalgesias). Ainda gera a falta de apetite, gastrite com vômitos matinais e a cirrose hepática, que pode levar o indivíduo ao coma e até a morte. No coração, pode aparecer uma degeneração adiposa, essa alteração responde pela insuficiência circulatória que se observa em certos indivíduos alcoólatras. Já nos casos mais avançados de alcoolismo, é comum a diminuição da potência sexual, os testículos se atrofiam e a excreção hormonal diminui.
O alcoolismo também gera transtornos psíquicos, causando disfunções intelectuais, prejudicando e comprometendo a memória, a percepção e o senso crítico. As alterações ocorrem em virtude da tensão emocional e da atitude egocêntrica do alcoólatra, formando quadros psiquiátricos gravíssimos. Um deles é a chamada embriaguês patológica, que constitui uma forma especial de intoxicação alcoólica aguda, onde o indivíduo é levado a estados de excitação psicomotores, alucinações ou fabulações.
No sistema nervoso central, o álcool por si é um agente depressivo que afeta primeiramente as estruturas subcorticais (provavelmente a formação reticular do tronco cerebelar superior) que modulam a atividade cortical cerebral. Em consequência, há um estímulo e comportamento cortical, motor e intelectuais desordenados. Os níveis sanguíneos são progressivamente maiores, os neurônios corticais e, depois, os centros medulares inferiores são deprimidos, incluindo aqueles que regulam a respiração. Pode advir parada respiratória. Efeitos neuronais podem relacionar-se com uma função mitocondrial danificada.
Vemos pela ciência médica que a droga ou mesmo o álcool, ao adentrar o organismo físico do viciado, atinge o aparelho circulatório, o sangue, o sistema nervoso, o sistema respiratório, o cérebro e as células, principalmente os neurônios.
André Luiz, na obra "Missionários da Luz", diz: "O corpo perispiritual, que dá forma aos elementos celulares, está fortemente radicado no sangue. O sangue é elemento básico de equilíbrio do corpo perispiritual". Em "Evolução em dois Mundos", o mesmo autor espiritual revela-nos que os neurônios guardam relação íntima com o perispírito.
A ação do álcool ou mesmo da droga no perispírito é letal, criando fuligens deletérias que impregnam no perispírito, lesando tanto as células perispirituais como as células físicas.
A ingestão das drogas cai na corrente sanguínea e daí, chegando ao cérebro, agride as células neuroniais; estas irão refletir nas regiões correlatas do corpo perispiritual em forma de lesões e deformações consideráveis que, em alguns casos, podem chegar até a deformar a própria aparência humana do perispírito. Por vezes o consumo das drogas é tão excessivo que as energias oriundas do perispírito para o corpo físico são bloqueadas no seu curso e retornam aos centros de força.
Os Espíritos inferiores, que compartilham junto do viciado os mesmos vícios, se alimentam através dos vapores alcoólicos e das baforadas dos tabacos, gerando uma simbiose perfeita, entre encarnado e desencarnado; esta ação maléfica gera alterações no comportamento do viciado, causando danos adicionais ao seu organismo perispiritual, já tão debilitado pelas drogas, construindo consequências futuras e penosas que experimentará quando estiver na condição de Espírito desencarnado, vinculado a regiões espirituais inferiores.
Em face do estado de dependência a que ainda se encontra submetido, agora na realidade espiritual, sente o imenso desejo e a necessidade de consumir a droga. Como desencarnado, irá vincular-se à mente de um encarnado preso ao vício, servindo como uma espécie de hospedeiro, e o parasita desencarnado passa então mentalmente transmitir-lhe seus anseios de consumo da droga, para saciar sua necessidade, formando uma profunda hipnose, recurso este que chamamos de vampirização, sugando ou mesmo inalando as emanações tóxicas impregnadas no perispírito do viciado.
Segundo Emmanuel, "o viciado, ao alimentar o vício dessas entidades que a ele se apegam para usufruir das mesmas inalações inebriantes, através de um processo de simbiose em níveis vibratórios, coleta em seu prejuízo as impregnações fluídicas maléficas daqueles, deixando o viciado enfermiço, triste, grosseiro, infeliz, preso à vontade de entidades inferiores, sem o domínio da consciência dos seus verdadeiros desejos". Por isso entendemos o perigo do vício das bebidas alcoólicas como da dependência das drogas. O Evangelho vem nos alertar: "E não vos embriagueis com vinho, no qual há devassidão, mas enchei-vos do Espírito" (Efésios, 5:18).
O álcool é pedra de tropeço para todos aqueles que não sabem vigiar suas atitudes, os excessos cometidos são o estopim para agressões, violência e tragédias escandalosas, vemos indivíduos perderem a compostura com atitudes ridículas por causa do álcool, seres que se transformam em animais furiosos ou mesmo o despertar extravagante da sexualidade, muitas festas regadas com o brilho perigoso da falsa ilusão, aflorando paixões mundanas e dependências que trazem sofrimento e dor. Por isso, alerta o profeta Isaias: "Mas também estes erram por causa do vinho, e com a bebida forte se desencaminham; até o sacerdote e o profeta erram por causa da bebida forte; são absorvidos pelo vinho; desencaminham-se por causa da bebida forte; andam errados na visão e tropeçam no juízo. Porque todas as suas mesas estão cheias de vômitos e imundícias, e não há lugar limpo".
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